sexta-feira, 16 de janeiro de 2009
As tropas do país mantiveram os ataques ao território palestino, pelo 21º dia seguido.
A aviação de Israel realizou 40 ataques contra alvos na Faixa de Gaza na madrugada de quinta para sexta, anunciou um porta-voz militar. "Os alvos foram seis grupos armados, uma mesquita no norte da Faixa de Gaza onde havia armas, quatro túneis e duas posições de combatentes do Hamas", afirmou a fonte.Israel intensificou na quinta a ofensiva em Gaza, e seus bombardeios mataram um dos principais líderes do Hamas, Said Siam . Também atingiram um complexo da ONU, um edifício da imprensa e um hospital .
Três crianças estão entre mais de 20 palestinos mortos nos últimos ataques do Exército israelense na Faixa de Gaza.Uma menina morreu quando a casa onde estava refugiada foi atingida pelos disparos de um tanque israelense no campo de refugiados de Jabalia, no norte da Faixa de Gaza.Outros dois menores palestinos morreram em outro bombardeio aéreo israelense na localidade de Rafah, no sul de Gaza, no qual ficaram feridas também outras cinco crianças. Após a primeira incursão ontem na Cidade de Gaza desde que começou a ofensiva israelense, há três semanas, forças terrestres israelenses recuaram esta manhã do subúrbio de Tel Hawa, no sul da Cidade de Gaza. Segundo testemunhas, os soldados retrocederam a suas posições anteriores no lugar do antigo assentamento judaico de Netzarim, situado a cerca de dois quilômetros da capital de Gaza.
Após a retirada, as equipes de resgate palestinas conseguiram se aproximar a uma área severamente bombardeada ontem por fogo de artilharia e encontraram os corpos de pelo menos 20 pessoas - civis e milicianos - sob os escombros de casas, informaram fontes de saúde locais. A área foi tomada na quinta-feira pelos tanques e tropas de infantaria israelenses, que protagonizaram intensos bombardeios e enfrentamentos com palestinos armados, o que impediu às ambulâncias de se aproximar desse bairro de Gaza.
Lançada no dia 27 de dezembro, a ofensiva israelense já deixou 1.132 mortos palestinos e feriu cerca de 5.100, de acordo com o ministro da Saúde de Gaza, citado pela agência Reuters. Do lado israelense morreram 14 pessoas, sendo que 10 eram militares.
O movimento palestino Hamas propôs um cessar-fogo de um ano com Israel, em troca da retirada das tropas israelenses da Faixa de Gaza em no máximo cinco dias e da suspensão imediata do bloqueio imposto ao território.
"Um limite de tempo para qualquer período de calma é um erro", disse uma fonte israelense. "Vimos isso quando a trégua anterior acabou, isso foi apenas uma desculpa para a escalada da violência", disse. Israel lançou sua ofensiva uma semana depois de o Hamas afirmar que não renovaria um cessar-fogo de seis meses na região, expirado em 19 de dezembro de 2008. Israel afirma que os ataques têm o objetivo de pôr fim ao lançamento de foguetes lançados por integrantes do Hamas contra seu território. O Hamas afirma que Israel reconheceu que a violência aumentou após uma operação militar israelense em Gaza em 4 de novembro. O grupo reclama ainda que Israel não relaxou o bloqueio imposto à Faixa de Gaza durante o cessar-fogo.
Ataque a prédio da ONU
O ministro condenou o ataque feito por Israel a um prédio da ONU. Amorim lembrou que os donativos enviados pelo Brasil a Faixa de Gaza estão em galpões dentro da área atingida, mas disse não ter informações se estes bens foram destruídos pelo bombardeio. “Hoje, nos renovados ataques de Israel à Gaza, foi atingido o depósito de bens de assistência humanitária para onde foram os bens que o Brasil doou. São vários galpões e não podemos ter certeza se atingiu o que o Brasil doou ou não. Agora, fica a condenação do ataque a uma instalação exclusivamente humanitária e o pedido de uma investigação em detalhe do porque aconteceu um ataque neste lugar”, disse Amorim. O chanceler brasileiro não descartou o envio de novos donativos e até a utilização das tropas brasileiras depois do cessar-fogo no monitoramento das fronteiras em Gaza, mas enfatizou que tudo tem de ser submetido ao aval do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A organização britânica Medical Aid for Palestinians (MAP) disse nesta quinta-feira que os hospitais Al Wafe, no leste da Cidade de Gaza, e Al Fata, em Tal El Hawa, a oeste da Cidade de Gaza, foram bombardeados.
As informações teriam sido confirmadas por coordenadores de ajuda hospitalar da própria organização no território palestino. O Al Wafa é o único hospital de reabilitação em toda a Faixa de Gaza.
Ainda nesta quinta-feira, a Organização Mundial da Saúde (OMS) confirmou que o hospital Al Quds, também foi atingido em um ataque israelese e teria ficado em chamas.
A ONG Christian Aid disse que uma clínica para mães e bebês na Cidade de Gaza foi destruída e um ataque israelense no sábado.
A clínica foi atingida por um míssil depois de um alerta de 15 minutos, avisando que ela seria atacada. Centenas de milhares de dólares em equipamento foram destruídos no ataque.
Danos sem precedentes
A intensidade dos ataques e o comportamento das forças israelenses levaram ONGs do próprio país a pedir uma investigação sobre a perpretação de crimes de guerra na Faixa de Gaza.
As ações conduzidas pelo Exército israelense "constituem uma clara violação de leis internacionais que regulamentam a condução de guerras", levantando a "forte suspeita" de que estejam sendo cometidos crimes de guerra, diz um documento assinado em conjunto por nove ONGs, entre elas as seção israelense da Anistia Internaciona e a B'Tselem, tida como a principal organização a monitorar violações de direitos humanos nos territórios ocupados.
As ONGs dizem que a responsabilidade do Estado de Israel nessa guerra é "clara e fora de dúvidas", e pedem que Israel "pare com os danos desproporcionais causados a civis e com os ataques contra alvos civis que não tem qualquer objetivo militar".
Israel é acusado pelas ONGs de causar "danos sem precedentes à população civil".
Testemunhos colhidos e divulgados pela ONG B"Tselem deram conta de que forças israelenses atiraram na cabeça de uma mulher depois que ela deixou sua casa agitando um pano de cor branca.
Vários outros testemunhos semelhantes foram colhidos pela ONG, pela BBC e pelo Crescente Vermelho, alguns contando casos de famílias inteiras acuadas em suas casas, que receberam avisos transmitidos por alto-falantes para que saíssem para a rua e que acabaram tendo vários integrantes mortos a tiros por forças israelenses.
Fontes dos serviços de saúde de Gaza dizem que pelo menos de 1.028 pessoas morreram desde o início da ofensiva, há 20 dias - cerca de 30% delas são crianças.
Israel diz que a ação militar na Faixa de Gaza tem o objetivo de impedir que militantes palestinos continuem a lançar foguetes contra o território israelense.
O fósforo branco é uma substância incendiária cujo uso em armas é proibido por leis internacionais. Israel já negou veementemente a acusação de usar o composto para fins bélicos.
Um porta-voz, Chris Gunness, disse à BBC que as chamas provocadas pelo bombardeio são difíceis de apagar e ainda ameaçam as cerca de 700 pessoas que estão abrigadas no complexo da agência.
"Nós não podemos usar extintores convencionais, porque acreditamos que há fósforo branco. Você só consegue apagar fósforo branco com areia e nós não temos areia em quantidade suficiente para fazer isso."
"Setecentas pessoas estão lá. Não há nenhum lugar seguro para elas irem. Não podemos evacuá-los porque há confrontos do lado de fora", afirmou.
A bomba com fósforo branco é lançada por aviões e interage quimicamente com o oxigênio, se incendiando e liberando uma fumaça branca.
'Imperdoável'
Uma preocupação da UNWRA é que há veículos com combustível dentro do complexo, e eles poderiam explodir com os ataques.
Outro porta-voz da UNWRA, Johan Eriksson, disse que a agência da ONU entrou em contato com as forças de defesa de Israel e eles garantiram que não iriam disparar contra os prédios da agência enquanto um grupo de funcionário tentava colocar os veículos com combustíveis em um lugar mais seguro.
"Quando nós estávamos começando a fazer isso, mais fósforo branco atingiu o complexo, e nós tivemos que abortar essa tentativa de mudar os tanques."
"Eles (israelenses) têm as coordenadas de GPS exatas de todos os nossos escritórios na Faixa de Gaza, eles estão disparando contra a parte mais frágil de nosso complexo e (...) esta conduta é imperdoável", afirmou à BBC.
Em Tel Aviv, após se reunir com representantes do governo israelense, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, se disse revoltado com o ataque contra o prédio da sede da UNWRA.
Ban disse que ouviu do ministro da Defesa de Israel, Ehud Barak, que o bombardeio foi um "erro grave".
Por outro lado, o primeiro-ministro israelense, Ehud Olmert, disse que o complexo foi atacado depois de militantes palestinos realizarem um ataque a partir do local. Tal afirmação não pôde ser verificada de forma independente.
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