Apartheid, Discriminação e Segregação no Carnaval da Bahia

sábado, 21 de fevereiro de 2009

O título acima é de responsabilidade do assinante do site Galinha Pulando. É uma 'leitura livre' do texto da jornalista Malu Fontes, publicado no jornal A TARDE de 18 de fevereiro de 2007, a respeito do carnaval de Salvador, mas que, apesar de mais de quase dois anos de sua publicação, está atualíssimo. Confira:

A Tarde, domingo, 18 de fevereiro de 2007.TELEANÁLISEAS MARCAS DA DIFERENÇA.MALU FONTES .“Camarote 2222/Aqui é o novo endereço/torça para ser convidado/até olhar de fora vale a pena”. Adornadas por desenhos alusivos a motivos carnavalescos e estampando a reluzente marca de refrigerantes que figura como uma das principais patrocinadoras do camarote, as frases acima parecem convidar a duas leituras igualmente irresistíveis levando em conta os contextos sociais e políticos. A primeira delas é que essas frases curtinhas, publicitárias, despretensiosas, são, na verdade uma negação arrivista daquilo que diz a logomarca do Governo Federal, governo, inclusive, que tem como ministro da Cultura o principal anfitrião do Camarote 2222, Gilberto Gil. Para quem não lembra, a logomarca do governo estampa: Brasil/Um país de todos/Governo Federal)..Pode-se dizer que inferência apontando para a negação do slogan do governo pelas frases do camarote é um ponto de vista subjetivo, uma questão de leitura pessoal, etc. e tal. Mas a segunda leitura tem como perspectiva o bom senso. Em um país em que só os alienados não enxergam que vivemos sob a ameaça da convulsão social e da intolerância entre as classes sociais do alto e da base da pirâmide, soa no mínimo inadequado um espaço festivo montado em torno de um ministro de estado promover a distinção social, a diferença, a característica de “para poucos” que se quer imprimir ao tal camarote e que de fato o caracteriza.. EMPADAS - As frases curtinhas não querem dizer outra coisa senão reforçar o quanto aquele espaço é para privilegiados que tenham a sorte (que passa pela condição sócio-econônica, estética ou pelo viés da fama) de serem escolhidos. Assinala, embora com alguma sutileza, que a ralé sem chance de torcer para ser convidada deve se dar por muito feliz em poder, do chão da rua, olhar para cima e admirar o olimpo e os olimpianos. Quem sabe até dá para ganhar uma latinha de cerveja quente ou um restinho de empadas jogadas generosamente lá de cima, como bem diz Carlinhos Brown em entrevista ilustrativa sobre o Carnaval de Salvador em A Tarde do último domingo.. Os camarotes se tornaram onipresentes no Carnaval de Salvador e representam hoje o que o próprio Brown chamou o ano passado de apartheid da festa, juntamente com as cordas que separam o povo e os blocos dos grandes artistas da festa. A camarotização tem como principais referências justamente os camarotes Expresso 2222, organizado pela mulher do ministro, Flora Gil, e o de Daniela Mercury, organizado pela promoter mais incensada da Bahia, Lícia Fábio. O primeiro está ancorado em R$ 2,5 milhões em cotas de patrocínio levantadas entre marcas líderes do mercado e o segundo em R$ 2 milhões.. TAPA - As marcas que bancam esses custos querem visibilidade em imagens na TV durante a festa, fotos, notas e matérias na imprensa local, nacional e na Internet. Por isso a lógica é só convidar gente interessante (geralmente gente famosa, influente, descolada ou rica). À revista Piauí, Flora Gil definiu o perfil de seus convidados: “convido puta, viado, artista, baiana de candomblé, tudo”. Deus sabe o que cabe nesse tudo, mas a mesma revista dá uma opção de resposta sobre quem é bem vindo nos camarotes vips:”é para cliente, gostosa e famosa”, diz o dono da AmBev, Paulo Lemann, patrocinador de 9 entre cada 10 camarotes desses cujas camisas são disputadas a tapa nos bastidores do high society baiano..O fato é que em uma cidade em que os desinteressantes, segundo a semântica da gramática dos camarotes, são cada vez mais empurrados para os becos com cheiro de xixi ou se contentam em ficar olhando para cima para ver os privilegiados, são ilustrativas as frases de efeito da fachada do camarote onde o ministro receberá seus convidados. Nesse contexto, merece aplausos a iniciativa do mesmo Carlinhos Brown que fala em apartheid na festa. Depois do Camarote Andante, este ano uma das marcas da festa é o seu Bloco Pipocão.. Em um Carnaval que caminha a passos largos acentuando as desigualdades entre as pessoas que dele participam, qualquer iniciativa que contemple os sem abadá e sem camarote soam como formas de oxigenar o modelo da festa e servem para distinguir a condição de artista da condição de mero cantor de bloco ou de trio. Mas já que é Carnaval, vamos fingir que tudo é festa e criatividade, inclusive músicas que transformam até Deus numa persona poética abilolada. Com o caos do mundo transbordando, quem foi que disse que Deus pode parar para namorar, na beira do mar, ao mesmo tempo em que desenha gente perfeitinha, num sinal que nem mesmo sua suposta namorada merece sua atenção? Socorra-nos, Deus! .Malu Fontes é jornalista, doutora em Comunicação e Cultura e professora da Facom-UFBA.




Antropóloga defende fim de blocos com cordas no carnaval de Salvador



O comércio excessivo e o isolamento dos foliões nos trios elétricos no carnaval de Salvador foram criticados pela antropóloga Goli Guerreiro, estudiosa das manifestações populares. Ela defende o fim da divisão entre os blocos pagos nas ruas e a concentração popular que acompanha os trios elétricos fora da cordas, a denominada “pipoca”.“Realmente a questão da cordas no espaço público tem que ser discutida porque é a ocupação de um espaço que não poderia ser isolado. O folião fica imprensado, sim. Sou a favor de derrubar as cordas. Deixa o camarote para quem não agüenta o corpo-a-corpo na rua e libera a rua, porque o espaço é nosso”, argumenta.Para Goli, é preciso haver harmonia na divisão dos espaços públicos. Segundo ela, a restrição das grandes massas inviabilizaria a festa.“O carnaval é um espaço muito grande. Existem várias maneiras de curtir e fazer o carnaval. Existe sim uma industrialização e comercialização, mas tem sempre o espaço do popular. A hora que esse espaço desaparecer, acaba o carnaval”.Apesar das considerações da antropóloga, a Secretaria de Cultura do Estado Bahia garante que 84% dos foliões festejam o carnaval de Salvador fora das áreas privadas.De acordo com levantamentos locais, entre os participantes de blocos e entidades carnavalescas, 28,7% gastam mais de R$ 500 para garantir um abadá (camisa estampada que identifica o participante de cada bloco). Nas áreas pagas de maior concentração popular, o valor médio da entrada é de R$ 160. Entre os participantes da festa, 43,5% optam pelos espaços que cobram entre R$ 50 e R$ 500.A abertura oficial do carnaval na capital baiana está prevista para esta quinta-feira (31). No ano passado, segundo dados oficiais, 900 mil pessoas participaram da festa. A Secretaria de Cultura estima que os seis dias de folia tenham movimentado diretamente cerca de R$ 300 milhões. Desse total, R$ 5,8 milhões foram arrecadados pelos cofres da Prefeitura de Salvador.
Fonte: Agência Brasil

Caso do assassinato de Irmã Dorothy completa quatro anos de impunidade

domingo, 15 de fevereiro de 2009

Quatro anos depois da morte da Irmã Dorothy Stang, que trabalhava com pequenos agricultores na região de Anapu, no Pará, nenhum dos acusados de serem mandantes do crime foram punidos. O fazendeiro Vitalmiro Moura foi inocentado em um segundo julgamento, realizado em 2008, e Regivaldo Galvão, apontado pelo Ministério Público como responsável direto pelo assassinato da missionária americana, sequer foi julgado. Quis o destino, porém, que Galvão fosse preso no final do ano passado acusado de grilagem e tentativa de comercialização ilegal de terras públicas."Irmã Dorothy morreu defendendo os assentamentos de Anapu, em terra pública, do governo. O que me revolta mais, é que o próprio governo, até hoje, faz muito pouco para defender essas terras e as pessoas que vivem ali", afirma o padre Amaro Lopes, da Comissão Pastoral da Terra (CPT).
- Acusado de ser mandante da morte da missionária ainda não foi julgado pelo crime. Outro fazendeiro acusado foi inocentado. -
O trabalho que Dorothy Stang vinha realizando na região também está ameaçado de desaparecer. Seu plano de transformar uma área de cerca de 200 mil hectares em Anapu em modelo de exploração sustentável por pequenos agricultores está paralisado e as terras foram invadidas por fazendeiros e madeireiros.O Greenpeace tem feito sua parte para manter viva a memória de Irmã Dorothy e sua luta pela atividade sustentável na floresta. Em Belém, durante passagem do navio Arctic Sunrise pela cidade como parte da expedição Salvar o Planeta. É Agora ou Agora, exibimos o documentário "Eles Mataram Irmã Dorothy", do diretor Daniel Junge, em auditório do cinema da Universidade Federal Rural do Pará (UFRA), durante o Fórum Social Mundial, e também em praça pública, na Estação das Docas da capital paraense."Os advogados de defesa dos acusados do crime, que tanto chocam as pessoas que vêem o filme, são apenas atores fazendo o seu trabalho. Mas se este filme não alavancar o debate sobre o sistema judicial e a certeza de impunidade que permeia a nossa sociedade atual, eu terei prestado um desserviço à sociedade", disse Daniel Junge, o diretor do filme.

Você pode até não saber, mas você é palhaço. Os deputados e Senadores oham para você e riem.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009


Se você votou em Edmar Moreira, sinto muito mas você é mais palhaço que eu! Porém eu sou baiano, e como tal tenho um histórico muito interessante de representações políticas isso não posso negar. Tem o que rouba mas faz, O que rouba e não faz, o que só ganha sem trabalhar, os que ganham nas sessões extraordinárias, o netinho que segue a cartilha do avô, e evangélico passivo, entre outros.

É verdade que no mínimo é interressante pensar o quento a democracia do Brasil esta se tornando um lixo dos mais nojentos e antipático, as pessoas viram a cara para as notícias pois dar atenção não significa nada.


Espero estar ajudando a formar o conceito de alguém, se é que posso ser indicado como formador de "juizos", mas o que vale é a boa intenção, é ela que nos leva a grande festa do inferno lotado de bons intúitos.








Cassino em pleno interior mineiro, jogatina com o dinheiro do povo! Sim, ou vocês acham que quem participavam das noites de jogata? Velhas viciadas? Vizinhos interioranos? Claro que não!!
O alto escalão político, grandes empresários, e funcionários públicos de altos cargos eram os sortudos que passavam a noite em uma das muitas suítes do castelo, gastando o dinheiro do suor dos palhaços, rindo e bebendo, suando e esbaldando-se as custas desta falsa democracia, deste falso judiciário, e deste falso caminho do desenvolvimento que está indo o Brasil.







Agora pense. Você é ou não palhaço quando recebe seu salário com impostos descontando direto da fonte pagadora, quando você vai ao supermercado e paga imposto sobre imposto, quando uma Angela Moraes Guadagnin da vida dança a dança da impunidade, também conhecida como a dança da pizza.


Você é um palhaço , sim você é! Você pode até achar que não é porém em 2010 você irá mais uma vez ter esperança em um ladrão qualquer de paletó que depois irá te sacanear e sair de férias logo em seguida.
Prisão no circo é só para animal e palhaço!


Este do Outdoor é você. De 2 em 2 anos renova-se seu contrato de palhaço e te dão mais instruções de passividade e aceitação a cangalha colocada em suas costas.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Os velhos hábitos que se consolidaram no Congresso com a eleição da nova Mesa Diretora têm contornos medievais. O novo corregedor da Câmara, deputado Edmar Moreira (DEM-BA) construiu um "conjunto arquitetônico inspirado em castelos europeus" - diz a propaganda (em três idiomas) de venda do imóvel, de 192 hectares, no distrito de Carlos Alves, em São João do Nepomuceno, na Zona da Mata mineira. Na declaração de bens do filho de Edmar, Leonardo Moreira, ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE) de Minas, em 2006, ele informa possuir um terreno na área rural de Carlos Alves no valor de R$3.196.000. Na de Edmar Moreira, aparece um imóvel no valor R$17,5 mil, no mesmo distrito, em uma praça a cerca de dois quilômetros do castelo.
O Castelo Monalisa é apontado, na região, como propriedade do "capitão", apelido dado a Edmar, filho de um carteiro e de uma professora primária, que se aposentou como capitão da Polícia Militar. O castelo vale, segundo corretores de imóveis, entre R$20 milhões e R$25 milhões. São 36 suítes com hidromassagem, distribuídas em oito torres com inspiração medieval, salões para festas, sauna, piscina, lagos para pescaria e estrutura para golfe. Uma arquitetura que se destaca no vilarejo de cerca de 1,2 mil habitantes.
Edmar gosta de abrir os portões dos 7.500 metros quadrados de área construída para festas regadas a vinhos guardados em uma adega com capacidade para oito mil garrafas. Em 1993, no auge do prestígio político, ele recebeu a visita do então presidente Itamar Franco. Se franqueasse o palacete para que os colegas parlamentares para lá transferissem os menores gabinetes da Câmara (com 33,7 metros quadrados), conseguiria abrigar 222 deputados.

O corregedor declarou ao TRE de Minas, em 2006, a propriedade de duas empresas de segurança (a F. Moreira Vigilância e a Ronda Equipamentos e Serviços de Segurança). Foram delas as maiores doações à sua campanha a deputado em 2006: R$104 mil, do total de R$207,2 mil. Ele disse possuir R$9 milhões em ações, imóveis, veículos, aplicações financeiras e dinheiro em espécie. O apartamento onde Edmar mora com a família custaria R$331 mil, segundo sua declaração. Trata-se de um tríplex no bairro de Higienópolis, em São Paulo - endereço do craque Ronaldo.
Dos 14 projetos de lei apresentados por Moreira desde 1991, dois tratam do mesmo assunto: a privatização dos serviços de segurança em presídios, que abriria uma nova oportunidade de negócios para suas empresas.
Procurado, ele se recusou a falar sobre seu patrimônio: - Hoje eu não estou bom. Se falo que uma coisa é branca, vocês escrevem que é preta. E dos meus particulares é que não falo nada mesmo.

Morador de rua é impedido de fazer matrícula na Universidade Federal do Rio Grande do Sul por falta de documentos

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

O morador de rua Geovan de Sousa Araújo, de 38 anos, foi impedido de efetuar a matrícula no curso de matemática da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, nesta terça-feira (3), pela falta de um documento. De acordo com a assessoria de imprensa da universidade, Araújo não apresentou o comprovante de conclusão do ensino fundamental, mas possui o comprovante de conclusão do ensino médio. Ainda assim, segundo a universidade, ele precisaria de ambos os documentos e não é possível abrir exceção para nenhum dos vestibulandos para não prejudicar outros candidatos.
Ele tenta há 19 anos passar no vestibular e foi aprovado pela primeira vez.Universidade afirma que não pode abrir exceções. (Universidade imbecil e burocrata, sem visão de talentos e sem sensibilidade para com seus alunos e colaboradores diretos (funcionários), ou indiretos (sociedade).)
Araújo nasceu no Piauí e tenta há 19 anos passar em um vestibular de uma faculdade pública. Neste ano ele esteve pela primeira vez na lista dos aprovados, mas, segundo afirmou ao G1, perdeu o comprovante há cerca de um mês. O pedido da segundo via, segundo ele, já foi feito para a Secretaria de Educação do seu estado, mas só deve ficar pronto dentro de 20 dias. “Eu só queria tentar conversar com o reitor para explicar meu caso. Minha família está no Piauí tentando agilizar a emissão da segunda via desse documento, mas não sei se será possível. Já fui avisado pela universidade que estou entre os que ficarão de fora do curso”, diz. Apesar da decepção, Araújo diz que não vai desistir do sonho do diploma universitário. “Já estou há tantos anos tentando que não vai ser por isso que vou desistir”, afirma.