sábado, 21 de março de 2009

Espaço cedido à Polícia Militar para implantação de Núcleo de Formação e de Cursos para Cabos (NFCC) da PMBA, em Camaçari (Grande Salvador), está abandonado há 13 anos. A denúncia é do sargento Antônio Bonfim, presidente da Associação dos Praças da Polícia Militar do Estado da Bahia (Aspraças). Para ele, a área de 61 mil m², – avaliada em cerca de R$ 7 milhões, com quadras poliesportivas, piscina olímpica e salas com sistema de central de ar-condicionado – deveria estar sendo usada para requalificar os PMs.

Em vez disso, foi abandonado e há anos é alvo de constantes saques de populares. Pisos, janelas de alumínio, vidros, fiação de luz elétrica, encanamento, quase nada escapou à ação de larápios, que invadem o local à noite.

A TARDE esteve no local e encontrou dois PMs, uma das duplas que se revezam para dar segurança ao espaço, durante o dia, sem contar com energia elétrica e usando banheiros sem privadas. “São condições subumanas, comem quentinhas no mato”, lamenta Bonfim, que acompanhou a equipe de reportagem.

Em nota, a Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb) informa que o espaço foi batizado de Centro Integrado Educativo Nelson Taboada de Souza. Pertencente aos departamentos regionais do Serviço Social da Indústria (Sesi) e do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), ligados à Fieb, foi cedido em comodato (contrato unilateral, gratuito, em que alguém entrega coisa para ser usada temporariamente e depois restituída) à Secretaria da Administração do Estado da Bahia (Saeb), em dezembro de 1996.

A área, de 61.031 m², acabou sendo cedida à Polícia Militar do Estado da Bahia (PM), que chegou a pintar a fachada, indicando que ali funcionaria o Núcleo de Formação e de Cursos para Cabos. Mas, desde então, o local só foi deteriorando.

A sigla da PM ainda está pintada na entrada do espaço, mas a unidade, ao longo dos anos, não tem passado de um local alvo de furtos de fios, cabos, azulejos, vidros e esquadrias de alumínio. “Não há uma só parte da unidade que esteja em condições ideais. E tudo foi entregue em perfeito estado à PM”, reclama o presidente da Aspraças. Fundação – Em 2001, o contrato de comodato venceu. Por seis anos, o imóvel ficou sem destinação certa. Em 2007, a Saeb demonstrou interesse em dar continuidade ao contrato para instalação da Fundação da Criança e do Adolescente (Fundac), sem previsão para instalação.

Responsável pela Diretoria de Patrimônio da Saeb, Adriana Cabral admite o abandono do imóvel. “Quando o atual governo teve ciência do abandono, em 2007, tomou as providências no sentido de dar uma destinação social ao espaço. Foi aberto um processo administrativo com objetivo de criar uma unidade de atendimento socioeducativo da Fundac”, justificou a gestora.

De acordo com ela, o projeto está em processo de aprovação há dois anos e vai contar com verbas estadual e federal. “Somente em 2007 que tomamos conhecimento da situação e empreendemos iniciativas. Por enquanto, estamos analisando uma proposta de adequação do imóvel às regras previstas pelo Sistema de Atendimento Socioeducativo (Sinase)”, reiterou Adriana.

Kleber Borges, da assessoria de comunicação da Fieb, informou que a entidade não tem avaliação do imóvel. Mas, de acordo com Jorge João da Silva Bouça, que atua numa corretora de imóveis em Camaçari, o metro quadrado na região é vendido a R$ 120. Isso significa que o espaço cedido ao governo do Estado custaria pelo menos R$ 7,32 milhões, sem levar em consideração a área construída.

“O valor unitário depende também do tamanho. Quanto maior a área, o valor do metro quadrado pode ser negociado”, explicou o corretor da empresa Escritório Imobiliário.

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