Milhares de peixes de pelo menos 20 espécies apareceram mortos ao longo do Rio São Paulinho, na comunidade de Passé, município de Candeias

sábado, 22 de agosto de 2009

Milhares de peixes de pelo menos 20 espécies apareceram mortos ao longo do Rio São Paulinho, nas proximidades da comunidade de Passé, município de Candeias. Pescadores locais afirmam que a mortandade teve início por volta das 9 horas da manhã de sexta-feira, em uma região próxima a dois canos de despejo de resíduos das empresas Dow Química e Proquigel. Técnicos do Instituto do Meio Ambiente estiveram no local na tarde de sexta-feira e colheram material em seis espécies de peixes para investigar a causa do incidente. “Só em um dia retiramos um caminhão cheio. Foram mais de 10 mil quilos de peixe morto”, afirmou o pescador Rosildo de Santana, membro da comissão de pescadores e marisqueiros de Passé, uma comunidade de pouco mais de 6 mil habitantes, que vive em sua maioria da pesca. “A comunidade aqui se alimenta do que pesca. Um vizinho chegou a tratar o peixe, mas quando o cachorro dele comeu e morreu, ele desistiu, disse. Segundo Rosildo, a mortandade deve ser ainda maior. “Isso sem falar nas larvas de peixes que a gente não vê mas são muito numerosas”, disse ele, lembrando que o local atingido é viveiro de diversas espécies, que sobem o rio para desovar. A TARDE percorreu a região de barco na manhã deste sábado e constatou que, duas marés de enchente e duas de vazante depois do início da mortandade, havia peixes mortos em mais de oito quilômetros de extensão, atingindo não só a comunidade de Passé, mas também a de Ilha dos Frades e Madre de Deus.
VAZAMENTO –
“Estes são os que morreram de madrugada”, afirmou o pescador José Antônio Santos, o Zé do Tonel, presidente da associação de pescadores e marisqueiros de Madre de Deus. Carapebas, vermelhos, peixes voadores, baiacus, tainhas, cabeçudos, linguados, bom nomes, e outras tantas espécies se estendiam pelas águas e margens do mangue. Uma arraia de mais de 20, prenha, foi encontrada morta pelos moradores. O incidente acontece na região quatro meses depois que um derramamento de óleo deixou centenas de pescadores sem trabalho nem fonte de sustento. Naquela ocasião, houve redução de cerca de 70% da pesca, segundo Zé do Tonel. “Com isso agora, a gente pode chegar de 90 a 100%. Não sabemos a quem recorrer”, disse. A TARDE não conseguiu contato com as empresas Dow Química e Proquigel. O Instituto do Meio Ambiente (IMA) informou, por meio de sua assessoria, que recebeu a denúncia às 14 horas de sexta-feira e enviou dois técnicos ao local, que colheram amostras de água e peixes para análise laboratorial no Senai/SETN. De antemão, a empresa descartou o derramamento de óleo como causa do incidente.

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