Estudo sobre o uso do Etanol em carros flex

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

É muito provável que o carro com motor flex polua menos com gasolina do que álcool. Os números variam de acordo com o modelo do veículo. Mas, na média, ao verificar a emissão da frota de 2008, os carros flex que usam álcool emitem mais monóxido de carbono (0,71 grama por quilômetro) do que os que utilizam gasolina (0,51 grama por quilômetro). Em relação aos aldeídos, que ajudam na formação do ozônio - principal preocupação em áreas urbanas como São Paulo -, o carro a álcool em geral emite quase oito vezes mais. Esses dados foram compilados pelo Instituto de Energia e Meio Ambiente (Iema), com base em informações da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb). A população está acostumada a ouvir que o álcool é um combustível limpo por ser renovável. Isso tem peso quando se discute o aquecimento global porque suas emissões de CO2 são neutralizadas - a cana-de-açúcar absorve o gás-estufa. Mas as novas informações prejudicam a imagem do combustível ao relacioná-lo mais diretamente à poluição do ar nas cidades. A pedido do jornal O Estado de S. Paulo, o Iema comparou modelos de carros flex de diferentes montadoras com as informações divulgadas anteontem pelo governo federal por meio da Nota Verde. Em geral, os carros se saíam melhor ao usar a gasolina (mais informações nesta página). Na emissão de hidrocarbonetos é grande a desvantagem do álcool no Celta, no novo Gol e no Fiesta, por exemplo. Na avaliação dos óxidos de nitrogênio, dos seis modelos avaliados, somente no novo Gol o álcool era menos poluente. Tanto os hidrocarbonetos quanto os óxidos de nitrogênio contribuem para a formação do ozônio. Apesar de ser importante na estratosfera para proteger a Terra dos raios ultravioleta do Sol, o ozônio é prejudicial à saúde das pessoas na faixa de ar próxima do solo. A explicação para o desempenho do álcool se deve, em parte, ao fato de o motor flex ser mais adequado à gasolina, pois o mercado mundial não utiliza o etanol. "É um sinal de que a tecnologia dos veículos flex precisa evoluir", diz André Ferreira, diretor-presidente do Iema. Segundo ele, "não se pode dizer que, por ser bom para o clima global, o álcool seja limpo." Francisco Nigro, pesquisador da Escola Politécnica da USP, diz que, do ponto de vista do lançamento de poluentes que degradam a qualidade do ar da cidade, não há mais diferença entre gasolina e álcool. Com o Programa de Controle de Poluição do Ar por Veículos Automotores (Proconve), a gasolina teve uma melhora maior do que o álcool. E o catalisador teve importante papel na redução das emissões. Para Nigro, agora é importante investir na formação de pessoas para trabalhar com motores no País. "O Brasil tem uma vantagem competitiva ao usar um combustível renovável e com balanço de CO2 favorável. Mas precisa se esforçar para manter a competitividade." Isso não significa que a gasolina virou a mocinha da história. "Por vir do petróleo, ela possui componentes que produzem poluentes, como o benzeno, que os americanos chamam de perigosos. Para eles, não há limite seguro", explica Carlos Lacava, da Cetesb. Márcio Veloso, coordenador-substituto do Proconve, reforça que os carros atendem ao padrão. "Podem até emitir mais quando se usa o álcool, mas estão dentro do que estabelece a lei." Mesmo assim, 11.559 pessoas com mais de 40 anos morrem por ano nas seis maiores capitais em razão da poluição do ar, segundo estudo da USP e seis universidades federais. (informações do jornal O Estado de S. Paulo.)


A combustão da gasolina e óleo diesel nos veículos automotores produz uma variedade de gases e material particulado cuja ação sobre o organismo processa-se: diretamente (monóxido de carbono, material particulado) e indiretamente, quando diversos compostos reagem na atmosfera formando poluente secundários. Em condições desfavoráveis de dispersão, suas concentrações aumentam provocando irritações dos olhos e garganta, doenças respiratórias e mesmo aumento dos óbitos. POLUENTES EMITIDOS POR VEÍCULOS AUTOMOTORES • Monóxido de carbono – CO Reage com a hemoglobina, no pulmão, formando um composto estável, a carboxihemoglobina, que reduz a capacidade de transporte de oxigênio aos tecidos. Uma exposição durante 8 horas de concentrações de 10 a 35mg/m3 provoca enfraquecimento visual e tensão fisiológica em pacientes com deficiências cardíacas. No centro da cidade tem-se determinado concentrações instantâneas de até 100mg/m3. • Hidrocarbonetos – HC Não há indicação de efeito adverso à saúde por inalação de HC gasosos presentes no ar do ambiente. Alguns HC aromáticos polinucleados tem sido associados com o aparecimento do câncer. Os aldeídos são responsáveis, em grandes concentrações, por irritação do trato superior e nos olhos. • Óxidos de nitrogênio – NOx Óxido nítrico – NO: não produz efeitos adversos à saúde nas concentrações encontradas na atmosfera. Dióxido de nitrogênio – NO²: a longa exposição em concentrações de 120-160mg/m³ aumenta a incidência de bronquite em idade escolar. Os óxidos de nitrogênio, participam de reações fotoquímicas que, envolvendo os HC, dão origem à formação de peróxidos, aldeídos e ácidos, produtores de irritação dos olhos, má visibilidade,principalmente em condições climáticas adversas. • Dióxido de enxofre – SO² Sua produção pelos veículos automotores está diretamente vinculada à presença de enxofre na gasolina e no diesel. Com a presença de catalizadores e umidade forma névoa de ácido sulfúrico. A análise de numerosos estudos miológicos mostra claramente uma associação entre a poluição do ar pelo SO² acompanhado de material particulado e efeitos sobre a saúde do homem em vários graus de severidade. Este tipo de associação tem se mostrado mais concreto em episódios de poluição do ar curta duração. • Aldeídos Os aldeídos são formados na atmosfera, por reações fotoquímicas envolvendo hidrocarbonetos e também liberados na combustão dos motores. Sua toxidade é predominantemente relacionada com suas propriedades irritantes. Seu principal efeito é a irritação dos olhos, nariz e garganta. Os de maior peso molecular alcançam profundidade e podem afetar os pulmões. O aldeído acético, em 50ppm, quase não irrita embora algumas pessoas o percebam em 25ppm. O formaldeído age em concentrações muito menores: acima de 0,05ppm é provável haver irritação nos olhos. • Material Particulado O material particulado comumente encontrado em dispersão na atmosfera é composto por grande variedade de substâncias, algumas tóxicas, como fluoretos berílio, chumbo e asbestos. Seus efeitos sobre a saúde estão relacionados com danos as superfícies do sistema respiratório. * Poluentes Secundários São os formados por reações na atmosfera. 1. Reações fotoquímicas: o dióxido de nitrogênio (NO²) com a luz solar possibilita a formação de ozona (O³) que, reagindo com os hidrocarbonetos, forma peróxidos, aldeídos, ácidos que produzem irritação nos olhos, má visibilidade, etc. 2. As névoas ácidas reagem com óxidos metálicos, produzindo haletos. 3. O dióxido de enxofre e oxigênio, na presença de óxidos metálicos, produz ácido sulfúrico. 4. Smog – combinação das palavras smoke e fog. Existe o tipo londrino, produzido pela combinação de fumaça e neblina provocando irritações nos brônquios, sendo fator de doenças. O tipo Los Angeles é formado por reações fotoquímicas não havendo evidências de sérios efeitos à saúde.
Como se observa, o diesel participa com ¼ das emissões de NOx e 1/8 de HC. Sua participação em SO², CO e material particulado é mínima quando comparada com os valores global.


Verifica-se que para monóxido de carbono o diesel é extremamente menos poluidor. Em relação aos hidrocarbonetos emite 42% a menos. Por outro lado, polui mais em Nox e SO², sendo este último diretamente relacionado ao teor de enxofre contido no combustível.

Fonte bibliográfica:
“Labor Organix Pollutants” – National Reserarch Council – USA Vários autores – 1976.
Nefusi, N; Guimarães, F. ; Oliveira, G. “Air Pollution Control Programs in State of São Paulo – Brazil – IV Clean Air Congress – Tokio – 1977.*
Nefusi, N; Giumarães, P.M. “Curso de Poluição – Ar e Água Instituto Brasileiro de Petróleo – 1975.*

Artigo do Engº Gilberto Monteiro Lehfeld
* Bibliografia disponível no Centro de Documentação e Informação da CET – CDI.

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