Crimes ambientais no PR grampeia políticos e policiais

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Ao menos seis pessoas foram presas hoje suspeitas de integrar uma organização criminosa responsável pela extração ilegal de palmitos no Parque Nacional Saint Hilaire e nas áreas de proteção ambiental de Guaraqueçaba e Guaratuba, no Paraná. De acordo com a Polícia Federal (PF), entre os detidos estão o vice-prefeito de Guaratuba e seu pai, ex-prefeito da cidade, um sargento da Força Verde da Polícia Militar (PM), o diretor da Circunscrição Regional de Trânsito (Ciretran) e o advogado procurador do município.

As investigações da Operação Juçara começaram no início deste ano, quando ocorreu uma prisão em flagrante por extração ilegal de palmito no parque nacional. Participam da ação cerca de cem policiais federais, além de agentes militares e servidores do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

Fonte: A Tarde

CURITIBA - A Polícia Federal em Paranaguá (Paraná) cumpriu, até a tarde de hoje, 15 dos 19 mandados de prisão expedidos contra acusados de extrair palmito de forma ilegal do Parque Nacional Saint Hilaire e de outras áreas de proteção ambiental de Guaraqueçaba e Guaratuba. Entre os presos estão o ex-prefeito de Guaratuba, José Ananias dos Santos, o procurador-geral do município, Jean Colbert Dias, e o chefe da Circunscrição Regional de Trânsito (Ciretran), Mordecai Magalhães de Oliveira.

Além deles, também foram presos um sargento da Força Verde, unidade da Polícia Militar para proteção ambiental, e um fiscal do Instituto Ambiental do Paraná, além de proprietários de sítios onde há palmito e funcionários de Santos. Entre os procuradores, estava o vice-prefeito da cidade, José Ananias dos Santos Júnior. Segundo a PF, as investigações começaram no início deste ano, logo após ter sido preso uma pessoa por extração ilegal do palmito juçara, espécie ameaçada. As apurações mostraram que a exploração e revenda ilegais eram sistemáticas.

O delegado-chefe da PF em Paranaguá, Jorge Luís Fayad Nazário, destacou que o esquema era liderado pelo ex-prefeito. Proprietário de uma empresa que vende palmitos legalmente, ele estaria extrapolando ilegalmente o volume de corte e transporte do produto. "Mas dava aparência de legalidade, utilizando várias vezes o mesmo Documento de Autorização de Transporte", disse o delegado. "Parte era legal, mas uma grande parte era ilegal." Alguns produtos eram retirados da área de proteção. O volume ainda está sendo apurado pela polícia, assim como o período em que a atuação ilegal teria começado.

Segundo Nazário, os acusados também exploravam palmitos tanto de sitiantes que estavam autorizados a vender quanto daqueles para os quais não havia autorização. No caso do procurador do município, o delegado acentuou que ele prestava "assessoria jurídica" para o ex-prefeito e também o incitava para que orientasse testemunhas a mudarem o depoimento na PF. "Houve um caso concreto disso", afirmou Nazário. Ainda de acordo com o delegado, o chefe da Ciretran, a pedido do ex-prefeito, que desconfiava estar sendo investigado, forneceu os números de placas reservadas de veículos da PF.

O advogado do chefe da Ciretran, Luiz Otávio Monastier, disse que iria entrar com pedido de relaxamento de prisão na Justiça Federal, e, ao mesmo tempo, preparar um habeas-corpus a ser impetrado no Tribunal Regional Federal em Porto Alegre. Ele adiantou, ainda, que não tinha conhecimento das acusações contra seu cliente. "Vou fazer um requerimento ao delegado da Polícia Federal para ter acesso ao inquérito, se não conseguir vou recorrer à Justiça", disse. Os advogados dos outros acusados não foram encontrados.

Fonte: Estadão

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