O desvio de dinheiro público faz com quê haja uma manutenção precária e o sucateiamento de equipamentos públicos da capital

domingo, 1 de agosto de 2010

Salvador, uma das cidades sede da Copa de 2014, está longe de tornar-se uma metrópole com os requisitos exigidos pela Federação Internacional de Futebol (Fifa). Dos serviços mais simples, como a manutenção de relógios públicos, aos mais complexos, como a implantação de um metrô e a construção de um estádio de futebol, o poder público ainda tem grandes desafios para acabar com a fama de cidade “bonita, mas provinciana”, disseminada entre muitos turistas.

A equipe de A TARDE listou seis serviços públicos que funcionam em situação precária, ou simplesmente não funcionam: relógios, estações de ônibus, planos inclinados, banheiros públicos, módulos policiais e travessias marítimas.

Tido como monumento em guias turísticos, o Relógio de São Pedro, trazido da França em novembro de 1916, passa despercebido aos olhos de quem transita na movimentada Avenida 7 de Setembro. “Ele sequer funciona. Vive doidinho. "Nunca está na hora certa”, afirma a baiana de acarajé Elisiana Brito dos Santos, com ponto no local.

O Plano Inclinado Liberdade-Calçada, de tamanha utilidade para moradores, está sem funcionar há pelo menos dois meses. “Eles vão maquiar a cidade só para turista ver?”, questiona a cabeleireira Carmen Bezerra, 50 anos.

A Estação da Lapa, por onde passam diariamente cerca de 500 mil pessoas, continua com três escadas rolantes desativadas há meses. Idosos, gestantes e pessoas com deficiência precisam enfrentar filas para utilizar a única que funciona. “Eu só passo por aqui em último caso”, afirma a professora Nilma da Silva.

Ainda na Lapa, banheiros que foram construídos há mais de um ano permanecem desativados. “Falta gente para trabalhar aqui na Lapa. E os poucos funcionários que existem precisam conviver com a insegurança e o medo”, comenta um supervisor, que não quis ser identificado. Ele lembra, no entanto, que uma das maiores dificuldades do cidadão é encontrar um banheiro na rua.

Conforme a Limpurb, existem na capital apenas 64 banheiros públicos. Vinte deles no Centro Histórico e os outros distribuídos pelo Mercado Modelo, Codeba, Feira de São Joaquim, Largo do Bonfim, Ponta do Humaitá, Mercado do Ouro, ferryboat, Barris e estação de transbordo.

“Existe uma grande incerteza se chegaremos lá. Ainda não foi a público um documento com tudo que é necessário para a cidade atender à Copa”, afirma o arquiteto e urbanista Armando Branco.

Além dos quesitos de infraestrutura, a área de entretenimento cultural, turismo e hotelaria também deixa a desejar. Orlas repletas de lojas comerciais passam as noites vazias e sem movimento. “Essa parte do dia a dia da cidade qualquer turista quer ver. Que incentivos os órgãos de turismo estão discutindo?”, questiona Branco.

Sem prazos - A Transalvador, órgão municipal responsável pela Estação da Lapa, informa que o processo licitatório para a manutenção das escadas rolantes da Lapa foi realizado, mas “não apareceu nenhum concorrente que atendesse às especificações do edital”.

Segundo o órgão, o prazo para a manutenção dos equipamentos ocorrerá somente com a finalização do novo processo de licitação e ficará a cargo da empresa vencedora, que definirá a data do conserto do equipamento.

Sobre o Plano Inclinado Liberdade-Calçada (Pilc), o órgão disse que a desativação ocorreu em 9 de julho e que o equipamento “só voltará a operar normalmente após receber a visita da empresa, com sede em São Paulo, selecionada para a manutenção”.

Desativados e sem uso público

Banheiros - Existem apenas 64 banheiros públicos em Salvador e 20 privados. Cerca de 1.500 químicos estão no pátio da Limpurb depredados.

Plano Inclinado Liberdade-Calçada - Há dois meses em manutenção. Moradores sobem escadas ou esperam ônibus lotados.

Relógio de São Pedro - Funciona desajustado, conforme obervação de quem transita pela Avenida Sete de Setembro.

Módulos policiais - Dos 90 módulos existentes, apenas 26 funcionam. O restante está desativado, segundo a PM.

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